Empresas juniores e o empreendedorismo universitário

Por Otávio Augusto Pereira Mota

No Brasil, o Movimento Empresarial Júnior já engloba mais de 1200 empresas juniores (EJ´s). No total, são cerca de 7 mil jovens universitários em todo o país, das mais diversas áreas de atuação, movimentando em 2020 mais de R$ 30 milhões e representando uma gama de universidades públicas e particulares.

Essas entidades possuem o papel de construir uma ponte entre o conhecimento teórico adquirido nas aulas do ensino superior, prática e a experiência das empresas presentes no mercado de trabalho.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), a empresa júnior é: “uma associação civil sem fins lucrativos, formada e gerida por alunos de um curso superior”. Seu caráter está em proporcionar aos estudantes universitários o aprendizado prático em relação à sua área de atuação, capacitando-os com cursos, palestras e a oportunidade do contato universitário diretamente com o mercado fora das instituições de ensino.

Existe, deste modo, a constante troca de informações entre os membros estudantes, a mentoria e supervisão de professores e as empresas que confiam na profissionalização dos alunos em formação nas empresas juniores. Elas geram um vínculo agregador entre estes 3 principais atores envolvidos no ambiente empreendedor, o estudante que deseja adquirir experiência profissional, a universidade com visibilidade da imagem institucional pelo serviço prestado através dos estudantes e as empresas que optam por trabalhar com as EJ´s, que recebem um serviço ou projeto de boa qualidade a custos menores, visto que as empresas juniores não visam o lucro.  

A Estrutura do Movimento Empresarial nas universidades

O Movimento Brasil Júnior é a Federação Nacional das empresas juniores, que representa todas as EJ´s no âmbito nacional. Ela é como o guia das empresas no país, auxiliando no propósito e metas que as empresas devem desenvolver como uma associação civil sem fins lucrativos.

De acordo com a visão exposta em site institucional, o objetivo é formar “empreendedores comprometidos e capazes de transformar o país”. O movimento tem a ideia de ser o representante nacional de todas as empresas juniores e coordenar eventos que reúnam, discutam e abordem os próximos passos que as EJ´s podem tomar para continuar crescendo e transformando o país.  

Abaixo desta federação, existem as representantes estaduais e distrital de cada estado brasileiro. A Concentro é um exemplo, que reúne e alinha as EJ´s do DF com os objetivos nacionais que o movimento empresarial propõe, estabelecendo metas conjuntas, projetos em parceria com outras universidades, para suprir a necessidade de seus clientes.

Alguns Relatos

Segundo Diego Araújo, estudante de Gestão de Políticas Públicas (GPP) pela UnB e ex integrante da Strategos Consultoria Política (abril 2019 – dezembro 2020), “as empresas júniores vão dar um caldo cultural daquela profissão, os trejeitos, jargões, networking e como funciona as reais questões de trabalho”. Em seu entendimento, as EJ´s tentam suprir essa necessidade que não é explorada na grade curricular do ensino superior.

Em contrapartida, o estudante de GPP comentou que existe um desconforto na experiência de realizar trabalhos e consultorias políticas sem a remuneração financeira: “Precisava conciliar o tempo entre estudos, buscar um emprego e a EJ e isso era cansativo, pegando ônibus de lá pra cá. A falta de remuneração, mesmo tendo bons cursos de formação, era ruim pra mim”.

Para João Vitor Pereira, estudante de gestão pública pelo UniCeub e ex diretor da área de projetos da EJ Projetos Consultoria Integrada (2020-2021). O que motivou seu ingresso na empresa júnior, foi perceber o progresso de responsabilidade profissional e pessoal que seus colegas adquiriram ao entrar: “Colegas meus entraram e eu vi o desenvolvimento deles, virando diretores da empresa, virando atores ativos e isso me fez querer conhecer mais deste mundo”.

Outro motivador para João foi a insatisfação com o sistema tradicional de ensino que, segundo ele, não supre algumas necessidades importantes para a vida e para o mercado profissional,como  saber se relacionar com as pessoas e a como utilizar o conhecimento na prática do dia a dia, conversando com o cliente e entendendo as demandas: “Eu acho que empresa júnior é um ensaio para a vida real dentro da vida empresarial”.  

A empresa júnior se conecta ao empreendedorismo auxiliando empresas a gerar resultados com projetos geridos e auxiliados por estudantes que, por sua vez, se tornam empreendedores em suas próprias vidas com o contato que vivência que adquirem na troca de experiências entre si e o mundo externo ao universitário

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