Suspensão de exportação pode reduzir preços da carne bovina no mercado interno

Por Filipe Fonseca

Na última quinta-feira (04), completaram-se dois meses de suspensão de exportação de carne bovina brasileira para a China, o que aconteceu em decorrência, de dois casos atípicos, do “mal da vaca louca”, em Minas Gerais e Mato Grosso. Diante disso, os preços da carne bovina, no campo, caíram, contudo os valores nos supermercados mantiveram-se inalterados.

Crédito: Ilustrativa

O economista e professor Ecio Costa explica que, mesmo com a queda na área rural, o preço das carnes não chega aos supermercados de imediato: “Quando vamos analisar a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a gente tem uma defasagem, ambos subiram, por isso não houve essa transferência entre atacado e varejo”, destacou.

O agrônomo e professor Jardel Pereira diz que o pecuarista segue na espera de oportunidade: “O produtor tem estocado a carne em câmaras frigoríficas, esperando a decisão da questão do embargo com a China. Então enquanto essa decisão não sai, o grande produtor tem estocado e isso tem mantido a oferta baixa. Se há uma oferta baixa, há também um preço alto.”

A tendência é que o preço da carne bovina venha a diminuir somente caso a China não voltar a exportar carne do Brasil tão cedo, Jardel destaca que o produtor pode deixar a carne estocada por 60 dias. “Tudo vai depender da China. O pecuarista precisa vender, como a demanda da China é muito grande, muita carne seria perdida.”, concluiu.

A China é o principal parceiro comercial brasileiro, e foi destino de 58% dos embarques de carne bovina de janeiro a setembro de 2021, o que corresponde a US$ 3,8 bilhões. Dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) mostram que com o embargo do país asiático, as exportações totais de carne bovina do Brasil caíram 43% em outubro, para 108,6 mil toneladas, na comparação com igual mês do ano passado.

Ecio, por sua vez, ainda lembra que: “Existe também o fator renda. A população brasileira está com uma queda de renda muito forte. Com a redução do valor do auxílio emergencial e com desemprego mais elevado, o consumo de carnes também caiu. Outras fontes de proteína (carne suína e frango) tiveram elevações também, então acaba tendo essa pressão muito grande para escoar toda a carne que seria exportada para China para o mercado interno”, afirmou.

Foto: Reprodução/Frigocopa

Dessa forma, enquanto o Brasil não entra em um acordo com a China, os Estados Unidos  estão expandindo seus embarques. “A China tem sido uma importante fonte de crescimento para as exportações de carne bovina dos EUA em 2021”, relata, em nota, a Federação de Exportação de Carne dos EUA (USMEF).

Os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, os embarques de carne bovina norte-americana ao mercado chinês cresceram 672% em relação ao mesmo período de 2020, para 138.041 toneladas. Em receita, o aumento das vendas à China foi de 761% (considerando a mesma base de comparação), gerando um faturamento total de US$ 1,12 bilhão.

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